Mulher sabe tudo

 

Autor: elisabete

Vá brincar com mulher. Nós sabemos de TUDO. Os homens que o digam. Basta nascer mulher para saber magistralmente de coisas ocultas. Na minha vida, os principais personagens são mulheres e sem dúvida são verdadeiras videntes. Vou mencionar apenas três, deixando de lado minhas próprias vidências.

Minha mãe é a primeira. Coisa de louco. Estou voltando do trabalho, estando precisamente a uns 100 metros de casa, perto da padaria de seu João, e meu celular toca. É minha mãe. Ela pergunta:

— Já tá perto da padaria de seu João, né? Aproveita e compra o pão.

Ainda pergunta afirmando! Pensei até que a coroa tinha implantado um chip com tecnologia GPS em mim.

—Tá. Mas como é que a senhora sabe onde estou?

— Calculei pela sua rotina, minha filha.

"Calculou pela minha rotina?" Como assim? Não tenho rotina. Ou ela é visionária ou tem uma bola de cristal muito bem treinada. E ainda quer me convencer que é só cálculo. É nada, mãe!

E minha sobrinha é outra. Uma bruxinha de dar medo. Telefone toca, paro de escrever e levanto-me para atender. Antes de tirar o telefone do gancho, a bruxinha diz:

— É seu namorado.

O telefone nem identificador de chamadas tem.

— Pois você está muito enganada. Eu e o Zeca já terminamos há um mês e pedi para ele esquecer meu número. A essa altura do campeonato já deu tempo de ele esquecer.

Tiro o telefone do gancho, digo alô e escuto uma voz familiar do outro lado:

— Amor, é você?

Fico muda, olhando para a cara de sapeca de minha sobrinha. Mas desejo saber o motivo de tamanha sapiência.

— Nenhum homem apaixonado aguenta ficar longe da mulher amada por mais de um mês.

E só tem 11 anos a guria.

E na sala de aula, desde a adolescência, eu não podia aprontar uma que minha professora de Biologia me fuzilava com o olhar, doida pra me dar uma suspensão, com a certeza divina de que era sempre eu a autora da traquinagem.

— Tirou dez na prova, mas sei que você colou, minha querida.

Eu, na cara mais dura que Deus me deu, respondo:

— Como assim? Estudei pra caramba, renunciei meus sábados de reggae e domingos de praia para não te decepcionar e a senhora me calunia deste jeito? Tô passada...

— Coisa fofa, sua prova está igualzinha à da Margarete, minha aluna nº.1 e a única que fechou a prova como sempre. E nas minhas provas você só tira de 2 para baixo.

— Isso não prova nada. O que é que tem a ver uma coisa com a outra???

Cara-de-pau, Jesus!

— Absolutamente tudo a ver.

Ela então me mostra as duas provas e me encurrala. Não tive a criatividade nem nas perguntas de ponto de vista. Copiei da prova da Margarete até o " Eu, como aluna nº. 1 na Escola, penso que...". Meu Deus, essa fala era da Margarete!

— Então, vai continuar na mentira?

Tenho certeza que se ela fosse homem, não iria perceber, não. Como eu disse antes, não dá para brincar com mulher.

Neste dia aceitei o meu zero de bom grado. Combina mais comigo. Deixa o dez para a Margarete.

 

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