LIVRO DOS AVÓS - NA CASA DOS AVÓS É SEMPRE DOMINGO?

18-03-2011 00:59

 Autor: Printec Comunicação

 

Os animais não conhecem os avós e, do ponto de vista biológico, uma sobrevivência que ultrapasse a idade de procriação não oferece vantagens à espécie. Para os seres humanos, a situação é diferente, pois com a criação da cultura passa a ter importância que os adultos vivam tempo suficiente para passar informações de uma geração a outra. No entanto, quando a expectativa de vida girava em torno dos 40 anos, eram poucos os que chegavam a ter netos. No século XIX, apenas 3% dos indivíduos ultrapassavam os 60 anos. Com o avanço da ciência, o cenário se alterou e pesquisas conduzidas em países com culturas e economias diferentes apontam que vivenciamos o "século dos avós". Para abordar inúmeros aspectos que envolvem a longa trajetória dos avós, a psicoterapeuta Lidia Rosenberg Aratangy e o pediatra Leonardo Posternak – autores do "Livro dos Avós - na casa dos avós é sempre domingo?", da Primavera Editorial – participarão do Com todas as letras, um bate-papo descontraído com amigos e leitores, no dia 12 de agosto, a partir das 18h30, na Livraria Cultura - Loja das Artes (Av. Paulista, 2.073 - Conjunto Nacional).

 

Pesquisas indicam as mudanças sociais protagonistas do "século dos avós". Entre os americanos, mais da metade se tornou avô ou avó entre os 49 e 53 anos, passando de 30 a 40 anos nessa função; na França, cerca de 80% das pessoas com mais de 65 anos têm netos e quase metade desse total chegará a ser bisavô ou bisavó. Na Inglaterra, existem hoje 16,5 milhões de avós. Metade da população do país tem netos por volta dos 54 anos e é responsável por cuidar deles. Os avós ingleses passam em média seis horas e meia como substitutos dos pais. (...) "Esses dados revelam que, no enredo da espécie humana, os personagens avô e avó só aparecem recentemente, de modo que a evolução não teve sequer oportunidade de moldar um patrimônio genético que oferecesse subsídios biológicos a essas funções."

 

Diante da inexistência de modelos, os autores se propõem a discutir a inúmeras questões, partindo da principal pergunta: onde a gente aprende a ser avó? Lidia Aratangy e Leonardo Postenark, na apresentação da obra, afirmam: "Gostaríamos que este livro funcionasse como um avô, que discute questões e propõe respostas; levanta problemas e indica soluções. Ao apresentar diferentes modelos e expectativas da função de avós, alguns dos quais até opostos aos estereótipos idealizados, oferecemos estratégias que propõem reduzir confrontos inúteis e diminuir a dor de confrontos inevitáveis. Tomara que este livro funcione não como um manual de ajuda, mas como um exercício de intimidade e exemplo de diálogo franco e aberto."

 

Falando francamente

O primeiro capítulo, A que viemos, traz reflexões sobre as emoções envolvidas no processo de tornar-se avó e avô. Com os títulos – "Amores clandestinos"; "Os avós: uma novidade evolutiva?"; "A nova avó: uma novidade cultural?"; "Quando começa uma avó?"; e "Veja onde pisa!" – os textos desse capítulo estão repletos de orientações preciosas para ajudar avós tanto os novos quanto os experientes.. O segundo, O velho e o novo, traz os textos "Perdurar"; "Nada de novo sob o sol?"; "Avó é mãe com açúcar?"; "Não tenho idade para ser avó!"; e "No meu tempo..." a constatação do fluxo contínuo do tempo. (...) "É possível encontrar argumentos para afirmar que o mundo passa por transformações vertiginosas, que nenhuma outra geração presenciou; mas é também possível demonstrar que tudo o que foi, será. Teses opostas podem ser provadas, desde que o observador se coloque na distância adequada para por em foco o que deseja confirmar, e escolha um recorte da realidade que realce o que quer destacar. O fato é que permanência e mudanças estão presentes em todos os tempos, na história da humanidade e na vida de cada ser humano." Página 49.

Em Disputa de território, terceiro capítulo, os tópicos analisados se referem ao "Choque de culturas"; "O puerpério, terra de ninguém"; "Os irmãos"; e "Assuntos privilegiados para a divergência". Com bom humor e delicadeza – presente em cada página da obra – os autores abordam os percalços do caminho. No quarto capítulo, O ofício de ser avô, Lidia e Leonardo descortinam mais uma faceta do papel, nos textos "Carta para a minha neta"; "Avô é diferente de avó"; e "Dormindo com uma avó". Em Os direitos dos avós, quinto capítulo, o exercício diário da função é posto em xeque nos textos "A casa da avó, onde é sempre domingo"; "O papo que ninguém quer"; "O direito de dizer não"; "Para que serve a família hoje?"; "Os avós e a arte de cuidar"; e "Alguns conselhos e poucas normas". Por último, o sexto capítulo, "O direito de sair de cena", aborda a separação: (...) "A maneira de lidar com a morte representa um dos maiores paradoxos de nossa cultura: embora a morte faça parte do enredo de todos os seres vivos e, todos nós, os humanos, saibamos que somos mortais (ninguém tem dúvidas de que vai morrer um dia), nos comportamos como se fosse uma certeza abstrata, distante, que não diz respeito diretamente a nós."

 

A carta escrita por Leonardo Posternak à neta, o relato de Lidia R. Aratangy – com o título "Amores clandestinos" – e as histórias inseridas nos capítulos mostram novos ângulos dessa delicada relação; nas "cartas para a psicóloga", questões cruciais são respondidas uma a uma de forma clara, simples e honesta.

 

Se Deus quiser...

(…) "Elisa, minha avó paterna, era muito bonita e vaidosa, com longos cabelos louros que usava recolhidos em um coque elaborado. Vestia-se com simplicidade e elegância, sem jamais abrir mão de saltos altos – nem dos cuidados de cabeleireiro e manicura, que nunca eram totalmente satisfatórios ao seu olhar exigente. Quando nasci, ela beirava os 70 anos. Por volta dos meus oito anos, eu já a ouvia expressar seu maior de­sejo: "Peço a Deus que me dê vida até você fazer o Bar-Mitzvah!" Fiz meus 13 anos e, na festa, ela dançou a noite toda. A partir daí, a prece mudou: "Se Deus me der saú­de, para ver você na Faculdade..."

Assim que entrei na Faculdade de Medicina, aos 18 anos, sua fala passou a ser: "Só quero ver você formado, depois Deus pode me chamar. "Na festa de formatura, sua emoção contagiava a todos. Surgiu, então, um pedido novo: "Só queria estar no seu casamento". Aos 24 anos, eu me casei sob seu olhar orgulhoso. Ela dançou só um pouco, pois muitas de suas articulações estavam tomadas pela artrose. Não pediu mais nada (ao menos em voz alta), mas viu nascer minha filha, sua segunda bisneta.

Acho que de­pois do meu casamento, ela renovou unilateralmente seu contrato com Deus. Minha avó é um bom exemplo de como um neto pode aumentar a vontade de viver, de ser feliz, de ver a ponte da continuidade da família construída por seus descen­dentes. Penso em seu sorriso, agora que virei avô. Talvez este­ja na hora de eu começar a expressar meus pedidos." Leonardo Posternak

O papo que ninguém quer

(…) "Atendendo a um pedido da filha, eu estava com a minha neta de quatro anos naquela manhã de quarta-feira. Era hora de prepará-la para a escola e de voltar ao meu consultório. Mas ela se recusa:

– Não quero ir para a escola hoje!

– Sei que prefere ficar aqui, brincando comigo. Eu também, mas você vai para a escola e eu vou trabalhar.

– Por quê?

– É assim com todo o mundo: criança vai para a escola, gente grande trabalha. Seu pai trabalha, sua mãe trabalha, seu avô traba­lha, sua avó trabalha.

Ainda não convencida, as lágrimas se misturando ao banho, ela me pergunta:

– Vó, como é o seu trabalho?

Embatuquei. Como explicar o meu trabalho para uma criança de quatro anos? Comecei devagar, sem saber bem aonde ia chegar:

– É que uma moça está muito triste e…

– Eu também estou! – interrompe-me ela.

Achei o caminho:

– Mas você sabe que está triste porque quer ficar comigo e não pode. Quando chegar à escola e começar a brincar com seus ami­guinhos, você vai guardar sua tristeza em uma gavetinha, e ela vai ficar lá, quietinha, até a gente se encontrar de novo. Daí a gaveta se abre e a tristeza vai embora. Mas essa moça está com uma tristeza toda misturada e confusa, que ela não sabe de onde vem, nem onde guardar. Ela vem conversar comigo, no meu consultório, pra gente desembaraçar a tristeza, separando o que está grudado, até que…

Continuei, tentando colocar em palavras acessíveis o obscuro trabalho do terapeuta. Ela me ouvia, com seus grandes olhos arre­galados. Seu comentário foi cortante, definitivo:

– Por que ela não vai conversar com a avó dela?" Lidia R. Aratangy

Lidia Rosenberg Aratangy

Bacharel em Psicologia pela Universidade de São Paulo (USP), em 1962, Lidia Rosenberg Aratangy concluiu, em 1967, a especialização em Genética Médica em Turim (Itália) e, em 1975, em Psicologia Clínica pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC) – Faculdade de Psicologia em que começou a lecionar, em 1968, e cuja direção exerceu de 1981 a 1985. Lidia Rosenberg Aratangy atuou como representante da comunidade acadêmico-científica no Conselho Estadual de Entorpecentes (1995-2000); foi consultora do MEC na elaboração dos Parâmetros Curriculares Nacionais – de quinta a oitava séries, na área de Cultura do Jovem e do Adolescente – e no Projeto de Educação a Distância (TV Escola), na área de Ética no Convívio Escolar.

 

Terapeuta de casais e de famílias, Lidia Rosenberg Aratangy é professora universitária desde 1962 e autora de livros adotados em vários estabelecimentos de ensino. Lidia lançou as obras: O sexo é um sucesso (Editora Ática, 1988); Doces venenos, conversas e desconversas sobre drogas (Editora Olho Dágua, 1991); Olho no olho (Editora Olho Dágua, 1992); Tesouros da juventude (Editora Olho Dágua, 1993); O amor tem mil caras (Editora Olho Dágua, 1994); Sexualidade, a difícil arte do encontro (Editora Ática, 1995); Desafios da convivência (Editora Gente, 1998); Drogas na escola (capítulo O desafio da prevenção, Summus Editorial, org. Julio Groppa Aquino, 1998); O prazer e o pensar (capítulo Sexo, drogas e outros enroscos; Editora Gente, organização de Marcos Ribeiro, 1999); Pais que educam filhos que educam pais (Editora Celebris, 2003); e Tá na roda - Uma conversa sobre drogas (capítulo O adolescente e as drogas; Secretaria de Estado da Educação, Fundação Roberto Marinho, 2004); e O corpo: limites e cuidados (Editora Ática, 2007). Pela Primavera Editoral, publicou "O anel que tu me deste – o casamento no divã".

Leonardo Posternak

Formado em Medicina pela Universidade Nacional de Buenos Aires (UNBA), em 1971, Leonardo Posternak fez residência em Pediatria no Hospital de Niños de Buenos Aires. Professor do curso "Clínica Interdisciplinar com o Bebê – A Saúde Física e Psíquica na Primeira Infância", na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), desde 2002 é membro do departamento de Higiene Mental da Sociedade de Pediatria de São Paulo. Em 2002, o médico se tornou um dos fundadores da Associação Brasileira de Estudos sobre o Bebê, entidade na qual integra a diretoria. Autor dos livros "E agora, o que fazer? – A difícil arte de criar os filhos" (Editora Bestseller, 1998) e "O direito à verdade - Cartas para uma criança" (Editora Globo, 2002) – o ganhador do Prêmio Jabuti 2003, na categoria Educação e Psicologia –, Posternak atende no Hospital Israelita Albert Einstein.

Primavera Editorial

Criada em 2008, a Primavera Editorial – editora brasileira alinhada ao conceito de "butique de livros" – estimula no cidadão brasileiro o hábito da leitura com conteúdos prazerosos, inteligentes e instrutivos. Investir em novos autores nacionais e estrangeiros, especialmente os estreantes e com obras que não foram publicadas no Brasil, tem sido uma das estratégias adotadas pela Primavera Editorial. Com diferentes linhas editoriais como romances históricos, sociais e de memória; ficção brasileira e estrangeira; policiais e thrillers, entre outras, as obras da Primavera Editorial são associadas à inovação e ao pioneirismo dos conteúdos, além da qualidade da produção gráfica. Os livros de ficção apresentados pela editora oferecem a possibilidade de "viver emoções" que não fazem parte do "enredo" cotidiano dos leitores.

 

Em 2009, a Primavera Editorial ampliou a atuação no mercado editorial brasileiro com a criação dos selos BIZ – destinado à publicação de livros que fomentam uma cultura corporativa positiva – e EDU, uma alusão à palavra inglesa education, associada à educação continuada. O selo PSI, criado em 2010, é voltado à publicações técnicas focadas em psicologia, psicanálise e estudos associados. A unidade de negócio responsável pelos selos gere o investimento da editora no segmento de não ficção, publicando obras que oferecem possibilidades de reflexão, aprendizado continuado e aplicação de conceitos. www.primaveraeditorial.com.br

 

 

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Perfil do Autor

Lidia Rosenberg Aratangy

Bacharel em Psicologia pela Universidade de São Paulo (USP), em 1962, Lidia Rosenberg Aratangy concluiu, em 1967, a especialização em Genética Médica em Turim (Itália) e, em 1975, em Psicologia Clínica pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC) – Faculdade de Psicologia em que começou a lecionar, em 1968, e cuja direção exerceu de 1981 a 1985. Lidia Rosenberg Aratangy atuou como representante da comunidade acadêmico-científica no Conselho Estadual de Entorpecentes (1995-2000); foi consultora do MEC na elaboração dos Parâmetros Curriculares Nacionais – de quinta a oitava séries, na área de Cultura do Jovem e do Adolescente – e no Projeto de Educação a Distância (TV Escola), na área de Ética no Convívio Escolar.

 

Terapeuta de casais e de famílias, Lidia Rosenberg Aratangy é professora universitária desde 1962 e autora de livros adotados em vários estabelecimentos de ensino. Lidia lançou as obras: O sexo é um sucesso (Editora Ática, 1988); Doces venenos, conversas e desconversas sobre drogas (Editora Olho Dágua, 1991); Olho no olho (Editora Olho Dágua, 1992); Tesouros da juventude (Editora Olho Dágua, 1993); O amor tem mil caras (Editora Olho Dágua, 1994); Sexualidade, a difícil arte do encontro (Editora Ática, 1995); Desafios da convivência (Editora Gente, 1998); Drogas na escola (capítulo O desafio da prevenção, Summus Editorial, org. Julio Groppa Aquino, 1998); O prazer e o pensar (capítulo Sexo, drogas e outros enroscos; Editora Gente, organização de Marcos Ribeiro, 1999); Pais que educam filhos que educam pais (Editora Celebris, 2003); e Tá na roda - Uma conversa sobre drogas (capítulo O adolescente e as drogas; Secretaria de Estado da Educação, Fundação Roberto Marinho, 2004); e O corpo: limites e cuidados (Editora Ática, 2007). Pela Primavera Editoral, publicou "O anel que tu me deste – o casamento no divã".

Leonardo Posternak

Formado em Medicina pela Universidade Nacional de Buenos Aires (UNBA), em 1971, Leonardo Posternak fez residência em Pediatria no Hospital de Niños de Buenos Aires. Professor do curso "Clínica Interdisciplinar com o Bebê – A Saúde Física e Psíquica na Primeira Infância", na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), desde 2002 é membro do departamento de Higiene Mental da Sociedade de Pediatria de São Paulo. Em 2002, o médico se tornou um dos fundadores da Associação Brasileira de Estudos sobre o Bebê, entidade na qual integra a diretoria. Autor dos livros "E agora, o que fazer? – A difícil arte de criar os filhos" (Editora Bestseller, 1998) e "O direito à verdade - Cartas para uma criança" (Editora Globo, 2002) – o ganhador do Prêmio Jabuti 2003, na categoria Educação e Psicologia –, Posternak atende no Hospital Israelita Albert Einstein.